“Subir 25 pontos base a taxa de juro é a mesma coisa que nada fazer”

Luis Cura • 9 de junho de 2022

Para o professor e economista Augusto Mateus a alta taxa de inflação veio para ficar, não sendo “um processo transitório”.

A inflação tem vindo a subir nos últimos tempos em Portugal e no mundo, tendo sido agravada pela guerra na Ucrânia. Mas era algo que já era, de certa forma, previsível, considera o professor e economista Augusto Mateus, afirmando que “o ressurgimento da inflação já era visível e esperado” mesmo antes da pandemia, não tendo sito feito nada para contrariar essa tendência. Para dar resposta ao escalar da inflação, o Banco Central Europeu (BCE) já avisou que vai subir a taxa de juro diretora, que se encontra há vários anos nos 0%. “Aumentar 25 pontos base a taxa de juro de referência do BCE é a mesma coisa que nada fazer”, alertou.

Augusto Mateus, que falava numa conferência realizada esta terça-feira (7 de junho de 2022) em Lisboa, na sede da Abreu Advogados, mostrou-se muito pessimista com o cenário económico que se vive atualmente na União Europeia (UE) e em Portugal. 

“Vivemos uma situação económica muito complexa. Vivemos uma época absolutamente excecional. A inflação que se instalou é para ser levada a sério, todas as causas de inflação estão presentes, não é apenas por um único fator”, disse, salientando que este “é um processo de inflação muito significativo, nada transitório”. “Já estamos com valores muito significativos em todos os países europeus e já estamos com problemas de quebra do euro em relação ao dólar”, acrescentou durante a sua intervenção.

O ex-Ministro da Economia do Governo de António Guterres – foi o autor do chamado "Plano Mateus” – deixou no ar a hipótese da taxa de juro de referência do BCE subir muito nos próximos tempos, sublinhando, no entanto, que um aumento de 400 ou 500 pontos base pode “destruir o financiamento bancário”. 

“Quando é que isto está resolvido? Nunca antes do final de 2023. Este ressurgimento da inflação é para levar a sério, é para fazer mesmo política económica, é para enfrentar e corrigir”, avisou. Uma das soluções para contornar a situação passa por “mudar radicalmente a política orçamental, a política monetária”, apontou, sublinhando que são muitos os desafios existentes.

“Imobiliário precisa de novos produtos”

Segundo Augusto Mateus, “algumas das bases do negócio imobiliário, no sentido amplo, alteraram-se profundamente”. Uma das mudanças passa pelo recurso ao crédito habitação, que deverá abrandar: “Parece-me impossível que o acesso à habitação para famílias de rendimentos relativamente baixos possa continuar a ser feito através da aquisição com recurso a crédito. O acesso à habitação com taxas de juros bastante baixas creio que vai deixar de existir”.

"Precisamos de perceber que temos muitas oportunidades no desenvolvimento das cidades e que precisamos de novos produtos, porque os feitos nos últimos 25 anos estão mortos e vão ser encerrados"

A acompanhar o crescimento da inflação estará também o mercado de arredamento, antecipa o especialista, prevendo que, “no próximo ano, as rendas de habitação tenham de ser atualizadas na casa dos 6%, 7%”. 

Na mira está a aposta em “novas soluções do ponto de vista da organização do setor imobiliário”, nomeadamente nos ativos que chegam ao mercado. “Precisamos de perceber que temos muitas oportunidades no desenvolvimento das cidades e que precisamos de novos produtos, porque os feitos nos últimos 25 anos estão mortos e vão ser encerrados”, rematou.

FONTE: IDEALISTA


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