“O Passado, o Presente e o Futuro das Cidades.”
Digitalização, sustentabilidade e atracção de talento são os maiores desafios das cidades

O SIL – Salão Imobiliário de Portugal contou com a presença dos presidentes das autarquias de Lisboa, Porto e Funchal para debater “O Passado, o Presente e o Futuro das Cidades.” A habitação continua na ordem do dia, embora não existam “varinhas mágicas” para solucionar este eterno problema.
Na primeira conferência do SIL 2022, Carlos Moedas, autarca da capital, foi directo ao cerne da questão das cidades: “Os três desafios são a digitalização, sustentabilidade e atracção de talento.” Como sublinhou, numa era em que se assistiu a uma “fusão entre o mundo físico e digital” é necessário saber “gerir e construir a cidade” e onde as autarquias têm de ter “rapidez na resposta”.
Essa resposta, no entanto, nem sempre é rápida, sobretudo no que toca a projectos habitacionais, pois, como Moedas disse “não há soluções mágicas”, seja para a habitação municipal, acessível ou com o apoio de investidores privados. Uma das possíveis soluções poderá passar por “voltar às cooperativas”.
Quaisquer que sejam as soluções, sem “acelerar” os licenciamentos dificilmente haverá habitação para todos nas cidades portuguesas. Segundo Carlos Moedas “70% dos processos que entram (na câmara) não têm a informação necessária”, por isso a autarquia criou a Academia Lisboa “para ajudar a instituir os processos”, a par de uma plataforma digital de apoio aos promotores imobiliários.
Polémica foi a sua declaração sobre a reunião da câmara que decorreu no dia 11 de Maio sobre fechar ao domingo o trânsito na Avenida da Liberdade, proposta que o autarca votou contra por considerar que não foram ouvidas as pessoas, sobretudo o comércio local, até porque o edil defende uma política de proximidade com as pessoas.
Já o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, falou sobre a perda de população das cidades e das soluções que a autarquia tem vindo a implementar para inverter este cenário. Recordou, no entanto, que nesta região “13,5% da população vive em habitação social de qualidade” valor “acima da média da população portuguesa.”
Os desafios que as cidades da Área Metropolitana do Porto atravessam são muito semelhantes aos de Lisboa: há falta de habitação, para a classe média ou casais jovens, é necessário a “parceria com privados”, sem esquecer os “custos da habitação têm tido um crescimento vertiginoso” e “não é só especulação.”
Rui Moreira defendeu que, hoje, as “cidades têm de ser ecossistemas mais atractivos”, até porque a pandemia acelerou a realidade de que as “pessoas querem reclamar os espaços públicos” e isso, disse, traduz-se “numa oportunidade para o futuro.”
Já o presidente da Câmara Municipal do Funchal, Pedro Calado, considerou que actualmente a “grande preocupação é adaptar a cidade às pessoas” e, sobretudo, “sem importar modelos de outras cidades” recordando o “desastre” que foi implementar uma ciclovia na cidade.
Pedro Calado focou ainda outra das problemáticas que os centros das cidades, sobretudo da parte histórica, têm enfrentado nos últimos anos e que se prende com a aquisição de imóveis por parte de investidores estrangeiros que, no caso do Funchal, tem sido por parte de alemães, franceses e suíços, e focados no segmento médio-alto e alto, cujos preços deixam de fora os munícipes. Ainda assim, defendeu que a reabilitação urbana é o caminho a seguir para transformar as cidades, referindo que o centro histórico do Funchal conta actualmente com cerca de “65 projectos” e que vai ter “2500 fogos nos próximos cinco anos.”
A sustentabilidade e a atracção e retenção de talento foi uma linha comum entre os três autarcas, que defenderam que, como declarou Carlos Moedas, só assim se poderá “construir o futuro” das cidades portuguesas.
DR Foto: Elisa Michelet on Unsplash
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